Blog

Desafios da Covid-19 para a engenharia clínica

Há aproximadamente um ano, coincidindo com a rápida propagação do vírus causador da Covid-19 no Brasil, a engenharia clínica tem vivido diariamente grandes desafios, auxiliando os profissionais de saúde que estão na linha de frente de combate à doença e os gestores dos hospitais ao cuidar do planejamento, gestão, qualidade e segurança de equipamentos hospitalares.

Acompanhando bem de perto a situação aqui no Tocantins, no trabalho que realizamos em parceria com o ISAC – Instituto Saúde e Cidadania, observamos algumas situações de desafios e aprendizados que compartilho aqui.

Treinamentos

Houve uma diversificação muito grande de modelos e marcas de equipamentos eletromédicos dentro de uma mesma unidade hospitalar. É necessário que os engenheiros clínicos, cada vez mais, tenham uma postura de integração às equipes médicas, trabalhem junto e proporcionem um treinamento contínuo. Isso é importante para que todos os profissionais estejam devidamente preparados para o manejo dos equipamentos e garantam a excelência nos atendimentos.

Novos equipamentos no mercado

Acompanhamos também um rápido desenvolvimento de muitos equipamentos no mercado para dar conta da demanda, o que é positivo. Identificamos, no entanto, que alguns deles ainda precisam de ajustes. Pode até ser que com algumas intervenções, no futuro próximo, esses equipamentos tenham um desempenho adequado e venham a ser de grande serventia para o combate à Covid-19 ou outras doenças.

Redimensionamento da estrutura hospitalar

Um leito para tratamento de paciente com Covid-19 demanda aproximadamente 15 tomadas. Também foi necessário cuidar de pontos de gases medicinais para que o oxigênio, que atingiu demanda exponencial, chegasse aos leitos destinados ao tratamento de pacientes internados por contaminação pelo coronavírus e não só nas UTIs. Trata-se de uma infraestrutura complexa, pois esses gases precisam passar por tubulações de cobre. Para atender aos pacientes com Covid-19, foi necessário fazer um redimensionamento do circuito pneumático de aproximadamente toda infraestrutura dos hospitais. Nós, engenheiros clínicos, e os gestores hospitalares, tivemos que aprender juntos nesse novo cenário.

Novo modelo de unidade hospitalar pós-Covid

No trabalho incansável ao longo desse período, já percebemos a necessidade da criação de um novo modelo de unidade hospitalar pós-Covid, onde teríamos atendimento ambulatorial, hospital-dia e algumas áreas para internação daqueles pacientes curados da Covid-19 que têm condição de receber alta, mas não teriam condições de recuperação plena em casa e ainda precisam de atenção médica. Como profissionais de engenharia clínica, temos nos dedicado a trazer soluções rápidas e eficientes para contribuir para a superação dessa crise sanitária que impacta a vida de todos no país. Tem sido um período de grandes desafios e de grandes aprendizados e nos sentimos tão comprometidos quanto as equipes médicas em atuar para preservar o máximo de vidas.